Transposição de curso d´água

Instrução de Transposição de curso d'água - 1994
Meu pai sempre dizia que existem pessoas que conseguem se afogar com a água na canela e certa vez em uma instrução de Transposição de Curso d’água eu pude comprovar a teoria. Em 1994 o 2º BPE realizou seu tradicional acampamento anual para treinamento dos recrutas daquele ano e por 2 vezes tive que intervir no salvamento de soldados que estavam se afogando nas geladas águas do Lago de Cajamar – SP. Nada de heróico. Eu explico.

Fui responsável por esta instrução durante os 3 anos que estive na Polícia do Exército, uma ainda quando era Comandante de Pelotão na Cia de Escolta e Guarda e outras três pela 1ª Cia de PE. A conta não está errada, é que o acampamento se realiza nos primeiros meses dos anos e eu saí da PE para o QG no final de 1996, ok?

Lembro que um dos recrutas começou a afundar no lago durante um dos treinamentos, porém na parte mais funda. Como podem perceber no vídeo, a visibilidade dentro da água era nula, mas consegui mergulhar por baixo do combatente e, sem deixar que ele me agarrasse, fui pisando no fundo e empurrando o bisonho para a beirada. Não foi nada demais, tendo em vista que no local existia um barco de apoio, porém o pelego passaria maus bocados até o socorro chegar ao local da ocorrência.

Na segunda situação o negócio foi bem interessante. Ordenei que o soldado entrasse nas águas para demonstrar alguma técnica de transposição que havia sido ministrada ainda na beirada do lago...

- Tenente... eu não sei nadar! – Disse ele todo encagaçado.

- Eu perguntei? Cala a boca e entra aí, mocorongo! – Respondi com toda a minha educação daquela época.

E o cara foi... um, dois, três passos pra dentro do Lago e... zupt! O vacilão escorregou. A partir daí o que os soldados à beirada do Lago presenciaram foi incrível... um marmanjo se debatendo e gritando desesperadamente dentro da água. Tava morrendo! De verdade! Observei por alguns segundos e entrei no Lago...

- Pára porra! – Gritei puxando o cara pela gola da gandola deixando-o de pé.

O silêncio tomou conta novamente do local e todos os presentes ficaram perplexos em ver que a água quase não chegava ao joelho daquele combatente.

Abraço



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